Era uma vez um colono que estava indo para a cidadezinha, onde estão vivendo a sua família; que depois de tantos anos de trabalho, tiveram que ir morar na rua em busca de melhor opções para os filhos, ficando ele na responsabilidade do sustento da família, continuando na mata. Passou a semana sozinho na colonia e como era época de “lua boa” foi esperar e matou uma paca, animado ele falou, vou levar para casa, essa dar para agente comer três refeições. No caminho de casa encontrou a Polícia na estrada, ele trazia sua paca escondida, mas mesmo assim eles acharam. - De quem é essa carne de caça.- É minha moço. - Você não sabia que é crime matar animais silvestre. - Mas moço é pra minha família comer. - Não pode, na rua tem outros tipos de carne: de boi, de porco, de galinha. - Mas moço nóis não tem emprego não. - Mesmo assim o colono ouviu a ordem de prisão e foi algemado. - Moço não faça isso comigo não, sou um pobre trabalhador que nasci e mi criei no mato e apesar de não ter estudo nunca fui preso. - Pois é, o senhor vai ter que ser encaminhado para a delegacia.
Na delegacia. - Seu delegado o senhor não pode fazer isso comigo, eu tenho uma família para sustentar e que precisam de mim. - Poies é, você vai ter que ser preso, é crime ambiental e começou a sitar os artigos da Lei que ele iria ser enquadrado. - Não faça isso comigo não.
Essa paquinha, pensava eu ser um direito meu tirar da floresta o meu sustento e da minha família para alimentação, eu pensava que era uma coisa dos colonos que na mata vivem, a minha família é da mata senhor, estão na rua a busca de melhores condições de vida e de estudo aos filhos, si não ficam que nem eu e a mulher, eu vou para a colônia sozinho, pois meus filhos todos de menor a Lei proíbe deles me ajudarem. Seu delegado essa Lei que o senhor falou está acabando com o homem da floresta; eu não posso nem tirar uma madeira para fazer a casinha na rua, eu tenho muita madeira lá, ainda consigo trazer um pouquinho escondida; eu não posso mais botar um roçado, se eu derrubar a mata posso ser preso, se eu queimar também. - Mas tem como você botar roçado sem que derrube a mata. Mas como, se o governo não dá máquina e mesmo dando o roçado não dar bom. Tirar uma árvore até mesmo para vender e comprar umas coisinhas não posso. - Mas você pode tirar de forma legalizada. - Mas como? Esse tal de manejo só é pros grandes, eles sim podem derrubar a floresta e tirar madeira dizendo que é de forma legal, como se a natureza entendesse a diferença de um desmatamento legal de um ilegal, isso é coisa que eles criaram para ajudar eles mesmos; depois que fizeram essas Leis a mata continua sendo derrubada e em grande quantidade; pra criar gado pode derrubar, pra fazer um roçado ou tirar uma árvore é proibido e tem Lei, e o gado nem ajuda a nóis, vai todo pra fora por um preço bom, que obriga a nois pagar a carne cara quando pode, a madeira também vai toda pra fora, para o estrangeiro por um preço que nóis aqui não podemos pagar, eles derrubaram a mata evoluíram e ficaram com grandes cidades com tecnologia e bons empregos e tem dinheiro para pagar caro, agora nóis qui vivi aqui na mata, isolado de transporte e de tudo, sem imprego e sem condições financeiras não podemos nem comprar uma dúzia de tábuas da floresta que é nossa, porque é muito cara, as serrarias e madeireiras para pobres já não existem mais, o governo proíbe todas com tantas exigências, mas as dos ricos podem, eles tem condições e esquemas para ganharem dinheiro, e nóis aqui não somos nem atendidos por eles quando queremos poucas dúzias de tábuas. Seu delegado não faça isso comigo. - Eu estou só seguindo a Lei. - Quer dizer que a Lei só existe para pobre, que tem que se contentar só com esmolas, é isso! Eu mato uma cacinha vez por outra para o meu sustento, na floresta que é minha, mas em cem hectares que o grande derruba para criar gado, quantas caças eles destruíram! o senhor já prendeu algum desses, eu nunca nem vi falar de um fazendeiro preso, só sei que todo ano ele aumenta o campo. Nas estradas o que agente mais ver é carretas e mais carretas transportando toras de madeiras dos ricos. - Recolhe ele, o senhor já falou de mais. - Ei moço dê a paquinha pra minha mulher levar.
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