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sábado, 25 de setembro de 2010

DE QUEM É A PACA




Era uma vez um colono que estava indo para a cidadezinha, onde estão vivendo a sua família; que depois de tantos anos de trabalho, tiveram que ir morar na rua em busca de melhor opções para os filhos, ficando ele na responsabilidade do sustento da família, continuando na mata. Passou a semana sozinho na colonia e como era época de “lua boa” foi esperar e matou uma paca, animado ele falou, vou levar para casa, essa dar para agente comer três refeições. No caminho de casa encontrou a Polícia na estrada, ele trazia sua paca escondida, mas mesmo assim eles acharam. - De quem é essa carne de caça.- É minha moço. - Você não sabia que é crime matar animais silvestre. - Mas moço é pra minha família comer. - Não pode, na rua tem outros tipos de carne: de boi, de porco, de galinha. - Mas moço nóis não tem emprego não. - Mesmo assim o colono ouviu a ordem de prisão e foi algemado. - Moço não faça isso comigo não, sou um pobre trabalhador que nasci e mi criei no mato e apesar de não ter estudo nunca fui preso. - Pois é, o senhor vai ter que ser encaminhado para a delegacia.
Na delegacia. - Seu delegado o senhor não pode fazer isso comigo, eu tenho uma família para sustentar e que precisam de mim. - Poies é, você vai ter que ser preso, é crime ambiental e começou a sitar os artigos da Lei que ele iria ser enquadrado. - Não faça isso comigo não.
Essa paquinha, pensava eu ser um direito meu tirar da floresta o meu sustento e da minha família para alimentação, eu pensava que era uma coisa dos colonos que na mata vivem, a minha família é da mata senhor, estão na rua a busca de melhores condições de vida e de estudo aos filhos, si não ficam que nem eu e a mulher, eu vou para a colônia sozinho, pois meus filhos todos de menor a Lei proíbe deles me ajudarem. Seu delegado essa Lei que o senhor falou está acabando com o homem da floresta; eu não posso nem tirar uma madeira para fazer a casinha na rua, eu tenho muita madeira lá, ainda consigo trazer um pouquinho escondida; eu não posso mais botar um roçado, se eu derrubar a mata posso ser preso, se eu queimar também. - Mas tem como você botar roçado sem que derrube a mata. Mas como, se o governo não dá máquina e mesmo dando o roçado não dar bom. Tirar uma árvore até mesmo para vender e comprar umas coisinhas não posso. - Mas você pode tirar de forma legalizada. - Mas como? Esse tal de manejo só é pros grandes, eles sim podem derrubar a floresta e tirar madeira dizendo que é de forma legal, como se a natureza entendesse a diferença de um desmatamento legal de um ilegal, isso é coisa que eles criaram para ajudar eles mesmos; depois que fizeram essas Leis a mata continua sendo derrubada e em grande quantidade; pra criar gado pode derrubar, pra fazer um roçado ou tirar uma árvore é proibido e tem Lei, e o gado nem ajuda a nóis, vai todo pra fora por um preço bom, que obriga a nois pagar a carne cara quando pode, a madeira também vai toda pra fora, para o estrangeiro por um preço que nóis aqui não podemos pagar, eles derrubaram a mata evoluíram e ficaram com grandes cidades com tecnologia e bons empregos e tem dinheiro para pagar caro, agora nóis qui vivi aqui na mata, isolado de transporte e de tudo, sem imprego e sem condições financeiras não podemos nem comprar uma dúzia de tábuas da floresta que é nossa, porque é muito cara, as serrarias e madeireiras para pobres já não existem mais, o governo proíbe todas com tantas exigências, mas as dos ricos podem, eles tem condições e esquemas para ganharem dinheiro, e nóis aqui não somos nem atendidos por eles quando queremos poucas dúzias de tábuas. Seu delegado não faça isso comigo. - Eu estou só seguindo a Lei. - Quer dizer que a Lei só existe para pobre, que tem que se contentar só com esmolas, é isso! Eu mato uma cacinha vez por outra para o meu sustento, na floresta que é minha, mas em cem hectares que o grande derruba para criar gado, quantas caças eles destruíram! o senhor já prendeu algum desses, eu nunca nem vi falar de um fazendeiro preso, só sei que todo ano ele aumenta o campo. Nas estradas o que agente mais ver é carretas e mais carretas transportando toras de madeiras dos ricos. - Recolhe ele, o senhor já falou de mais. - Ei moço dê a paquinha pra minha mulher levar.
portela@contilnet.com.br

"Se duvidas, esperem"



Publicado na

quinta-feira, 19 de março de 2009

"Se duvidas, esperem"

Diante de uma conjuntura formada na América do Sul, e de como estão acontecendo as políticas nas maiorias dos países Sul americanos,com apoio de outros paises, não pode se duvidar que Lula seja candidato novamente a presidente, ou se caso não der certo, poderá ganhar Dilma, ou quem eles quiserem. "Se duvidas, esperem". Veja também o que poderá ocorrer na Bolívia? Não se surpreenda.
                                                  Carlos Portela

terça-feira, 7 de setembro de 2010

DEPENDÊNCIA QUÍMICA – ÉTICA E PREVENÇÃO

O Brasil de hoje caracteriza-se pelo aprofundamento das crises sociais decorrentes de uma política neoliberal cuja consequência maior é a miséria absoluta de boa parte da população, cujos indivíduos tem como profissão "ser desempregado". Somado a isto, a crise dos valores faz parte da sociedade na qual "quem não rouba e/ou trafica é bobo" e "quem rouba, mas faz", são introjetados e vistos como naturais por grande parte da população. E é esta sociedade da qual somos cúmplices, em que o Ter estar substituindo o Ser. A dependência química é uma doença física e emocional reconhecida pela Organização Mundial da Saúde e codificada no Código Internacional de Doenças sob o n° 304.8-2. Esta doença, além de ser incurável é progressiva e fatal, devido ao abuso de drogas que alteram o humor psíquico.
A humanidade sempre foi atraída pelas drogas, seja pelo uso medicinal, religioso ou recreativo. O álcool sempre esteve ligado à cultura judaico cristã, a cocaína à cultura andina, a maconha difundiu-se no mundo ocidental através dos negros, os nossos índios, além do tabaco tinham suas beberagens euforizantes, os gregos antigos utilizavam cogumelos alucinógenos, enfim, parece que sempre foi difícil manter a sobriedade ao tempo todo. 
A família, segundo o modelo tradicional, ainda é o núcleo básico da sociedade e que dá bases de sustentação e estruturação do ser humano. É nela que os valores básicos éticos e morais deveriam ser assimilados para que o indivíduo viesse conviver dentro das normas da sociedade em que está inserido. No final dos anos 1980 e início dos 1990 começou-se a falar de uma nova composição familiar dado aos novos tipos de casamentos ou associações conjugais. O crescimento dos divórcios veio estabelecer uma estrutura na qual os filhos passaram a conviver não só com os pais, mas namorados dos mesmos e seus filhos, outros irmãos nascidos destas relações, enfim foram criados novos parentescos que substituiu a família natural. A insegurança natural que precede a idade adulta e os questionamentos a ela inerentes, sempre fez parte da natureza humana, entretanto dada as condições sociais e familiares da sociedade atual os conflitos internos do adolescente acirraram-se cada vez mais. É na passagem da infância para a adolescência que o indivíduo começa a socializar seus problemas. O conflito entre não ser mais criança e nem adulto leva-o a buscar a segurança perdida. É o momento de estruturar sua identidade e afastar-se da família, buscando nos grupos valores para ser aceito. E é nesta busca incompreendida que maioria dos jovens conhece as drogas.
As famílias dos jovens dependentes são tão doentes quanto seus filhos. Ela é codependente. Enfim, além da doença familiar, existem outros dados que afetam o contexto no qual ela vive. A insegurança quanto ao desemprego, o medo a violência, valores éticos desfeitos, etc. Levando pais a superprotegerem seus filhos, ou a abandoná-los, substituindo o amor e atenção, por objetos de consumo que amenizem a culpa da não participação constante na vida dos filhos, devido a necessidade financeira, de até a mãe ter que trabalhar fora para o sustento da família.
Os problemas que advém do consumo de drogas dentro das escolas deve ser tratado de forma a encaminhar o jovem dependente não à polícia, que provavelmente o encaminhará para uma instituição de menor, mas de forma a propiciar o tratamento e futura reinserção do mesmo na sociedade. ferramentas educacionais podem ser construídas para facilitar ao adolescente mudanças de atitude, que o tornará mais confiante em suas escolhas, nos conhecimentos que possui passando a viver com maior responsabilidade. “A prevenção das drogas e o tratamento do usuário devem ser prioritários em relação a repressão ao uso.”
Diretores, equipes técnicas e professores desencantados, preferem fechar os olhos ao que acontece no interior da unidade escolar. Para eles a saída da crise deve vir do Estado e o Estado, por sua vez, aponta os professores e sua má formação como um dos maiores problemas a ser enfrentado na educação brasileira. A quem cabe educar e prevenir estes jovens e adolescentes contra o abuso de drogas, álcool, sexo sem preservativo, etc. ?
Diante disto, coloca-se que é dever da família educar seus filhos, depois a escola e finalmente o Estado. Uma política de prevenção de drogas e Aids nas escolas deve ter como prioridade a formação contínua dos professores e o envolvimento da família no esclarecimento das consequências do uso abusivo de drogas e como encaminhar seus filhos para um tratamento adequado.
São poucos os professores que tem as reais informações sobre as características de um usuário de drogas, e isto contribui para repressão e exclusão do mesmo do ambiente escolar. A repressão policial, utilizada em muitas escolas, em nada contribui para o equacionamento do problema; polícia aqui, ainda é sinônimo de repressão e em sua maioria não está preparada para atuar com crianças e jovens dentro da escola.
A escola precisa inserir-se no meio no qual está localizada, considerar suas peculiaridades e abrir espaços para que os jovens e adolescentes possam construir uma realidade melhor. As possibilidades criativas do adolescente são inúmeras, porém precisam ser canalizadas através de projetos pedagógicos conjuntos que favoreçam uma relação de confiança entre o professor e aluno. A prevenção parece ser a única saída, já que a luta contra o narcotráfico tornou-se inviável. Neste sentido a sociedade civil articulada pode criar mecanismos que atraiam os jovens para projetos no qual sintam-se participantes e construtores de uma sociedade mais justa e igualitária.
Existe, portanto, uma necessidade premente de valorizar a pessoa humana e a vida. Se a utilização e abuso de drogas está ligado ao prazer imediato faz-se necessário que possamos propor alternativas de formas saudáveis de prazer, valorizando o corpo físico e mental sem a autodestruição consequente. A abordagem repressiva ou a "pedagogia do terror" não tem surtido qualquer efeito junto aos jovens, por isto é importante que a educação resgate seu lado humanístico, não isolado da vida social. Valores éticos e morais como: respeito aos outro a si mesmo e ao meio ambiente, cidadania, cooperação, verdade, honestidade, disciplina, responsabilidade, justiça, etc. Também devem ser priorizados.
Reconhecemos o poder persuasivo das drogas, álcool e tabaco e suas consequências no corpo humano. Reconhecemos que as drogas agravam diversos problemas sociais como a criminalidade, violência, saúde, entre outros e custa à sociedade uma grande parcela de suas despesas.
A população em geral considera os dependentes químicos como pessoas fracas, sem caráter e não como uma doença. Porém, quando consideramos como uma doença, podemos olhar sob outra perspectiva, Nessa situação, a maioria das pessoas precisa de tratamento e de ajuda competente e adequada, já que a dependência é provocada por uma reação química no metabolismo do corpo. O álcool, embora a maioria das pessoas o separe das drogas ilegais, é uma droga tão ou mais poderosa em causar dependência em pessoas predispostas, quanto qualquer outra droga, a sensação de satisfação e um impulso psíquico provocado pelo uso da droga que faz com que o indivíduo a tome continuamente, para permanecer satisfeito e evitar mal estar. O papel de educador, sem dúvida vai muito além dos conteúdos programáticos que, devem levar aos alunos. Devemos lembrar, também, que em nossas filosofias consta ensinar, educar e preparar para a vida e neste sentido, o que estamos fazendo? O ser humano é produto de sua atividade em seu meio social que, em interação com “os outros”, realiza, transforma e muda o curso de sua história.
É preciso também entender esta questão da emoção, da afetividade, pois observa-se que nas escolas esta questão encontra-se ainda em um discurso com olhar pejorativo, como se fosse uma permissividade total, ou com olhar de “coitadinho” e não é nada disso. A afetividade está em abrir e estender o olhar, para dialogar, ensinar, aprender e viver com um ensino de qualidade e a autoridade necessária que inclui, não o autoritarismo que exclui e abre caminho para o mundo enganoso das drogas. 
As autoridades querem prestar contas à sociedade que desacredita em qualquer manifestação que tenha como objetivo atacar este problema de frente, com algumas ações policiais prendendo, matando traficantes. Afinal, quem ganha com o tráfico de drogas? Policiais, cargos eletivos como de deputados, senadores corruptos, empresários ligados à políticos são apontados pela mídia através das CPIs como responsáveis pelo aumento do tráfico no Brasil.
Para tratar um dependente é preciso tratar suas comorbidades psiquiátricas, é preciso medicação e psicoterapia, mas, sobretudo, é preciso uma atitude social e familiar de responsabilização do dependente pelo seu comportamento e pela sua decisão de se tratar. O paternalismo e a comiseração somente alimentam a doença. 
“A dependência química é um fenômeno psíquico, é um problema sério de saúde pública e seu combate não se confunde com o combate às drogas”
O art. 23, II da Constituição Federal diz que cabe à União, Estados e Municípios “cuidar da saúde” e, no art. 30,VII diz que cabe ao município, prestar serviços de atendimento à saúde da população,” ou seja, cabe aos três entes federativos cuidar da saúde, mas a prestação dos serviços, ficará a cargo dos Municípios, que o farão com apoio técnico e financeiro do Estado e da União.
O art. 227 da CF/88 reconheceu que o direito à saúde da criança e do adolescente deve ser tratado com absoluta prioridade e, em seu §3º, VII definiu que a proteção especial inclui “programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins.”
Assim, o Município tem o dever legal de prestar este tipo de serviço para sua população, criando e mantendo, com a concorrência de verbas públicas federais e estaduais, uma instituição terapeuticamente adequada para tratar seus adolescentes em estado de risco social, em face da dependência química.
“Vejo a necessidade da comunidade cobrarem dos políticos ações voltadas ao atendimento e prevenção de dependência química, já que os mesmos não se manifestam, sendo os principais responsáveis pelo que estamos vendo, principalmente nos bairros periféricos; isso é que dar votar por votar.”
portela@contilnet.com.br