O problema da consciência, ou melhor, a luta da consciência com o impulso sexual foi o bode expiatório dos freudianos. Quando o rapaz corta o cordão umbilical e se liberta da influência da família, quando deixa de ser sexualmente controlado pela consciência dos pais e passa a ser governado pela própria consciência, tem de fazer diariamente variadas escolhas e opções. O impulso deseja sexo com a namorada, colega, vizinha, empregada, animais, a consciência do rapaz é quem permitirá fazer sexo ou não. Esse diálogo cotidiano entre a consciência e o impulso sexual pode se intensificar de tal hostilidade, de tal absorção, de tal violência consigo mesmo, transformando de diálogo em polêmica, de polêmica em duelo. E se essa consciência é impiedosa com os impulsos, então o rapaz deixa de ser o rapaz e se torna um flagelo espiritual. Dentro dele já não há mais uma luta e sim uma alucinação. É essa batalha, que quando atinge um limite já não suportável pelo rapaz que os psicanalistas chamam de neurose.
As pessoas que têm consciências bitoladas, intolerantes em se falando de sexo, são propícias para esta doença. Pregam tabuletas de “mal, de proibido” na porta do sexo, em cada parte de seu corpo, e tentam esconder a vontade sexual (libido). Constroem um código pessoal em relação ao sexo, às vezes com a maior das asnices, contra o código que Deus se deu ao cuidado de redigir para a dinâmica da libido. ...Também o sexo fazia parte do tudo criado por Deus. Logo o sexo também é “muito bom”, segundo vário passagens pela bíblia (Gênesis, Moisés, Jesus. Etc.).
Não é de se estranhar que a natureza comece a esbravejar que a libido comece a espernear acorrentada, que o impulso dê pontapés internos e reduza a cacos esta personalidade (neurose). “Neurose é precisamente o resultado desse desalentador fenômeno entre o impulso sexual e suas proibições”. Em seus estudos Freud logo idealizou a liquidação das neuroses pela libertação total do sexo. Especialmente libertar de antigos preconceitos e proibições, com isso o rapaz faria a profilaxia, a prevenção da neurose pela libertação do sexo.
Os educadores pós-modernos aprenderam com autênticos psicanalistas que o aluno privado de imposições da consciência será um pigmeu diante das imposições da vida. Privado do exercício cotidiano da consciência ele permanece débil, inferiorizado, psiquicamente pobre, candidato a neurótico quando chegar à hora de enfrentar a profissão, de conquistar a mulher, de concorrer na sociedade. Aprenderam que a consciência treina o rapaz para vencer as dificuldades inevitáveis da existência. Edificando a consciência de um rapaz nós estamos pondo nele os pólos da maravilhosa tensão. O pólo da consciência e o pólo dos impulsos sexuais. Do jogo sadio desses dois pólos é que nasce o rapaz dentro do menino, o homem dentro do rapaz.