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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O aluno de aprendizagem lenta

Em se tratando de problemas de aprendizagem escolar, devem-se levar em consideração as dificuldades que a criança apresenta na escola e as dificuldades que a escola apresenta em relação aos problemas das crianças, fatores que devem ser analisados reciprocamente.
No entanto, a cada dia vemos que cresce o número de alunos do nosso sistema de ensino, com dificuldades de aprendizagem. Os problemas de aprendizagem podem estar relacionados a fatores orgânicos, cognitivos, lingüísticos e outros inerentes à individualidade de cada ser humano.
Segundo Pain (1992), há dois tipos de condições básicas para o desenvolvimento da aprendizagem: as externas que se referem aos estímulos, e as internas que se referem à estrutura individual, única de cada sujeito, como:
- Fatores orgânicos: relacionados a aspectos anatômicos e fisiológicos do indivíduo, como problemas de visão, de audição, funcionamento neurológico, etc.
- Fatores Específicos: relacionados a dificuldades de aprendizagens específicas; não identificados organicamente, como problemas na área perceptivo-motora que interferem no desenvolvimento da leitura e da escrita e de organização espacial e temporal, que interferem no desenvolvimento da fala, etc.
- Fatores psicológicos: neste caso a dificuldade de aprendizagem está relacionada a dois fatores diferentes: No primeiro caso refere-se a um processo de auto-repressão, onde o aprendizado é reprimido de forma inconsciente, por algum fator psicológico que impede o aprendizado da criança (inibição neurótica). No segundo caso, trata-se de retração intelectual ou , com diminuição das funções cognitivas que acarretam problemas para aprender; normalmente relacionado a fatores ambientais, tratando-se de casos de crianças desnutridas desde o período intra-uterino até a idade escolar, bem como de fatores relacionados a dependências químicas, problemas econômicos e carências afetivas, e outras causas relacionadas com desagregações familiares.
- Fatores Ambientais: referem-se à qualidade, quantidade e freqüência de estímulos que estruturam o campo de aprendizagem habitual da criança, favorecendo sua aprendizagem; é importante destacar aqui o papel do educador na estruturação de um ambiente adequado para o desenvolvimento intelectual e afetivo dos alunos, haja vista que ele representa um modelo de comportamento para os alunos, podendo se tornar um catalisador do desenvolvimento das personalidades das crianças, com possibilidade de tornar esta, uma tarefa prazerosa, dedicando-se com amor, sem esmorecer e acreditando no potencial do ser humano; por outro lado deve-se considerar que para se obter sucesso neste desafio, torna-se indispensável uma forte parceria entre escola, família e comunidade. "Se faz necessário uma escola com um bom pátio, onde se permita uma vasta atividade esportiva, culturais e sociais, como também a interação das atividades com a escola, comunidade e com outras escolas".
Dentre os fatores ambientais, a escola destaca-se como uma instituição que pode compensar ou não as deficiências dos educando. Segundo Fernandez (1990), é fundamental reconhecer a importância da prevenção, diagnóstico precoce e intervenção psicopedagógica para minimizar as dificuldades de aprendizagem.
Para compreender a patologia do não aprender, é importante observar cuidadosamente a maneira pela quais as pessoas se relacionam dentro do contexto familiar e escolar, ou seja, como se dá interação entre família e escola e as conseqüências dessas relações. É importante identificar o tipo de vínculo existente entre a criança e a comunidade escolar, e entre esta e a criança, bem como da interação existente entre a família e a instituição escolar, como também o dia a dia da criança com a família e comunidade.
Alguns genitores se referem às dificuldades escolares, atribuindo a responsabilidade pela dificuldade de aprendizagem de seus filhos à metodologia inadequada do professor; ou identificam o problema como sendo decorrente de deficiência da criança, negando, inconscientemente, qualquer responsabilidade própria. Em diagnósticos fica fácil perceber uma total desorganização da criança ao lado de atitudes facilitadoras dos pais.
Trata-se de crianças extremamente dependentes dos genitores, imaturas do ponto de vista psicológico e afetivo, tornando-se impossibilitadas de desenvolver raciocínio lógico que lhes possibilite uma aprendizagem assimilativa, suprimindo a espontaneidade para pensar por medo de errar.

Carlos Portela Eduino