Como ser humano, pandino, homem da floresta amazônica, não poderia deixar isso tudo acontecer e ficar de fora "Para que o mal prevaleça, basta apenas que os bons não façam nada." A ocupação da nossa região foi motivada pelo extrativismo, quando famílias trazidas do Nordeste brasileiro, e ocidente boliviano, foram instaladas em plena floresta selvagem. Iludidos pensavam que eram para procurar a borracha já pronta, mas quando se depararam com a realidade selvagem e subumana, não tinham mais como voltar. Nossa região, de Acre e Pando, sempre foram considerados uma só região para o extrativismo da borracha e da castanha. Durante décadas Pandinos e Acreanos se mantiveram unidos em busca da sobrevivência através do extrativismo, em uma região isolada pelo desenvolvimento, onde as condições de vida e a forma de trabalho eram as piores possíveis. Embrenhados na imensidão da floresta úmida, onde predominava a vida selvagem e perigosa, além de doenças e solidão; que se passavam vários dias andando a pé carregando um doente em uma rede em busca de tratamento. Mas que acreanos e pandinos resistiram e sobreviveram as crises financeiras das nações, doenças, solidão, isolamento e outros. COMO PODEMOS DEICHAR QUE AGORA que o progresso chegou que a tecnologia chegou que a educação chegou que o asfalto chegou que a televisão chegou que o hospital chegou que a internet chegou. O “conflito de Pando” possa passar de forma despercebida; Não podemos deixar que o que está acontecendo em PANDO se prolifere. Os interesses particulares, individuais, políticos, financeiros, partidários, regionais, emocionais, vingativos, vulgares, não podem prevalecer e sobrepor aos costumes de um povo que tanto já sofreu. Recordo as festas de 6 de agosto, recordo as festas no Tutumo, Pacauara, Lenon, as partidas de futebol, as festas de 3 de julho, 7 de setembro, 20 de janeiro, os bailes na boate do coqueiro, Babiquara, Damião, boate Tropical. Todas estas atividades eram freqüentadas por um só povo, o de Brasiléia, Epitaciolândia e Cobija. Que às vezes até surgiam desentendimentos e/ou brigas, mas que não prevaleciam o ódio, e logo logo eram resolvidas e tudo voltava ao normal. Como foi triste saber que famílias tiveram que abandonarem seus lares, deixando para trás toda uma vida, uma convivência, o trabalho, seu conforto, uma amizade e se refugiarem em busca de socorro em casas de companheiros, de pessoas que sempre consideraram Cobija e Brasiléia, uma só região. Ninguém quer isso para si mesmo ou para seu povo. Devemos se unir, as pessoas que querem uma boa convivência, e buscar uma solução pacífica, para retornar o que era a nossa região. A final é natal, ano novo, que as bênçãos do espírito natalino recaiam sobre nós e sirvam de reflexão para todos aqueles que estão guardando rancores em seu coração; que apenas os verdadeiros culpados, se é que existe, possam pagar pelo seu erro. É necessário que: pessoas, entidades, grupos religiosos; neutras ao conflito se juntem e busque a conversa, a união, o entendimento com os grupos conflitantes. Quem sabe possa resolver, ou pelo ao menos amenizar, toda uma discórdia da maneira mais pacífica possível. Que prevaleça a paz e união.
Carlos Portela Portela@contilnet.com.br