Agricultor é preso em Epitaciolândia por ser sincero
O vereador
Portela deu um discurso indignado na tribuna da Câmara Municipal de
Epitaciolândia, na quinta feira. Segundo o parlamentar, o agricultor,
Raissandro P. de Freitas, foi abordado na estrada e em seus pertences
foi encontrado quatro cartuchos de espingarda de fraco calibre, indagado
ele disse que era seu e em sua humildade de homem da floresta, falou
que a espingarda tinha deixado no mato em um ramal por respeito a
polícia, de pronto os agentes das Polícia Rodoviária Federal foram até o
local e levaram o agricultor e a arma para a Delegacia de
Epitaciolândia, lá o Delegado teve que prender o cidadão de bem. Este
crime é afiansável. Mas quem já viu um pequeno agricultor ter dinheiro
em uma crise e sistema desse nosso aqui do Acre?
Depois de dois dias preso atrás das grades, por ser uma pessoa de ficha limpa, pai de três crianças famintas, amigos e familiares conseguiram através do Judiciário, o Alvará de Soltura. De nada adiantou o seu clamor, de nada adiantou ser um homem da floresta, ser um cidadão honesto que disse onde estava a sua arma. Não quero dizer com isso que a polícia e o Delegado estão errados, eles apenas cumpriram o que diz a Lei, e sim chamo a atenção para dizer que as Leis deveriam ser diferenciadas, não pode um cidadão da floresta pagar pelo mesmo crime de um bandido, traficante dos altos morros e favelas dos grandes centros, e com uma grande diferença, o bandido tem dinheiro e não chega nem ser preso, logo chega seu advogado e paga a fiança.
Quantos
milhões de dólares entra em nosso estado em nome do homem da floresta e o
que sobra para o desprovido de vida digna são as Leis criminais? como
as Leis que proíbe o mesmo de botar seu roçado para a sobrevivência de
sua família, a que proíbe de derrubar uma madeira para a construção de
sua casa e até mesmo a de trocar a madeira por um móvel de casa como uma
cama, uma penteadeira, ou vender uma árvore para o tratamento de saúde
que é tão difícil em nosso estado? O colono não pode nem aproveitar uma
madeira caída para fazer um carvão e trocar por alimento ou remédio, e
sim ele até pode fazer isso tudo, porém a burocracia é grande; mas os
grandes parece que pode tudo, até enriquecer a custa do pequeno da
floresta.
Mudança
nas Leis e fiscalização dos recursos que vêm em nome da floresta são
precisas. Nossas florestas estão todas reservas em trocas de grandes
quantidades de dólares, nossas Leis está mais para proteger a floresta
para os gringos, que ao homem da floresta. O registro de uma arma de
caça até pode ser tirado, mas se o mesmo não tiver a terra titulada em
seu nome, tem que gastar uns mil reais com uma vasta documentação, taxas
e dois cursos em Rio Branco.
É dificil
aceitar situações como essas, ficar calado como se não ferissem a nossa
e alma. Nossa sociedade precisa viver o lado mais humano, e as leis de
nosso país necessitam de uma revisão urgente, sob pena de ver o bandido
armado e solto, e o inocente preso e refém desse sistema desigual.
Por Carlos Portela e sentinela da fronteira