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terça-feira, 25 de dezembro de 2018

O meu amigo Zé Maria

Hoje, mais uma vez me deparei com o meu amigo Zé Maria, desta vez ele estava faminto, batemos um papo, eu ele e o meu irmão, o Zezim Peruano. Aí logo veio boas recordações e me fez lembrar um artigo que eu fiz em sua homenagem para o jornal “o altoacre”, isso faz uns 15 anos ou mais.
Um jovem Epitaciolandence, que teve sua infância e juventude igual à de muitos outros: banhos no igarapé encrenca, futebol, as boas festas na boate tropical e os vinte de janeiro de antigamente, boas namoradas. Lembro-me das vezes que brocamos campos juntos (ele, João Mesquita, Peruano, Neno, Elizeu, Demir Sales, Trairinha e outros mais). Era um jovem simpático, cheio de vida, praticávamos de forma precária o halterofilismo. Este jovem foi acusado de estuprar uma criança em Cobija e teve que pagar por seu ato de selvageria, talvez fruto de um transtorno de infância. Foi preso, maltratado e encaminhado para presídios no interior da Bolívia, em condições sub-humanas, comendo sem pratos e colher, diretamente com as mãos e muitas vezes seu prato era o chão. Ele sobreviveu; depois de muitos anos, após cumprir sua pena, ele apareceu em Epitaciolândia, aqui já não mais encontrou o seu lar. Por falta de opções dignas, passou a perambular pelas ruas, e como usuário de drogas no presídio, aqui encontrou “um prato cheio,” e logo procurou turminhas de viciados e passou a mendigar pequenas sobras de cigarros de drogas. O mesmo sobrevive de migalhas que pede a conhecidos como: comida, cinqüenta centavos, um real. É fácil encontrar o mesmo com um pedaço de pano velho e sujo, e um pedaço de papelão que lhe serve de abrigo para dormir pelas calçadas e esquina de ruas. Sujo e maltrapilho, agora se encontra bastante doente. Zé Maria é mais um, fruto de uma sociedade, que não está nem aí com as causas sociais. Pessoas como o Zé Maria deveriam pelo ao menos terem um lugar, (centro de recuperação), no município, para atender o que mais cresce na comunidade, que são os usuários de drogas com suas conseqüências.
Não estou aqui defendendo viciados ou estupradores; estou sim defendendo uma sociedade com dirigentes capazes e compromissados com a transformação de crianças e jovens, em adultos dignos, em uma sociedade mais justa.
Produto do meio que somos, se adaptamos a boas convivências, basta que elas existam: o emprego, o esporte, a cultura, bons exemplos por parte dos políticos, etc., são alguns exemplos.
A Constituição Federal em seu capítulo II artigo 6º diz: “é direito de todo o esporte, saúde, moradia, educação, assistência aos desamparados, etc.”.
Tem muitos vereadores, elegidos pelo povo, que não sabem a força e o poder que tem, e nem se quer procuram conhecer a verdadeira função de verear, alguns até que antes de ganharem pensam que vão mudarem ou transformarem a situação do município, mas logo são engolidos pelo sistema político corrupto de nosso pais. As leis existem em prol de uma boa sociedade, os vereadores existem para fiscalizarem, proporem mudanças viáveis, fazer cumprir e denunciarem aos órgãos competentes todos os descumprimentos às legislações existentes, “Se existe leis que determinam à função do vereador, então porque não lutam em prol de um desenvolvimento justo e dignos de uma sociedade?”.
“Lutar pela prevenção, ainda é a solução; pois nosso sistema carcerário é uma escola que aperfeiçoam marginais, e pagamos muito caro por isto, tanto no valor em dinheiro, quanto no valor social.”
Carlos Portela Eduino 
Graduação em psicanálise