Por que ser PRF ? Um vencimento
generoso? O status profissional? Reconhecimento e respeito da sociedade? Uma
rotina diária tranquila? O uso da farda e da arma confere algum poder?
Que fascínio a profissão
PRF exerce sobre o brasileiro que a leva à condição de ter um dos mais concorridos
concursos públicos do país? Nesse momento estamos vivendo um processo seletivo.
- Policiais e seguranças
têm a profissão mais estressante do mundo. Em seguida, vem os motoristas de
ônibus e os controladores de vôo. Executivos, bancários e atendimento ao
público empatam na terceira colocação. A pesquisa foi realizada pela ISMA-BR
(International Stress Management Association) do Brasil em 2003.
- A Organização Mundial de Saúde catalogou a atividade
policial, devido às suas peculiaridades, como insalubre, perigosa, geradora de
imenso estresse pelo período de contínuo esforço físico e da exigência
intermitente da acuidade e higidez mental. Pois o policial tem a missão, que
lhe foi confiada pelo Estado, de garantir, com o risco da própria vida, a
integridade física e o patrimônio dos cidadãos comuns.
- Em sua atividade cotidiana o policial depara-se com os mais
diversos tipos de situações, muitas delas desfavoráveis, permeadas de
violências. Talvez a violência maior e pouco visível seja aquela tão bem
descrita por MINAYO e SOUZA (2003), que é a de viver numa profissão-perigo, podendo
ser morto a qualquer momento, ou seja, o risco inerente ao trabalho que os
coloca numa situação de incerteza e tensão permanentes, inclusive fora dos
horários e locais de trabalho.
- A atividade policial favorece o desenvolvimento do burnout, principalmente
quando os policiais já não conseguem se adaptar às exigências do meio em que
atuam. Segundo os estudos de ROMANO (1996), em decorrência da exposição diária
a novas situações, às relações interpessoais estabelecidas, o confronto entre
vida e morte que expõe o policial e os companheiros de guarnição a riscos
físicos e emocionais.
- Seja no sentido de perigo ou de escolha, o conceito de
risco desempenha um papel estruturante das condições laborais, ambientais e
relacionais para esse grupo social, uma vez que seus corpos estão
permanentemente expostos e seus espíritos não descansam (GOMES et al., 2003).
Eles vivem o que GIDDENS (2002) denomina de "risco de alta consequência".
O exercício do trabalho de elevado risco se comprova pelas taxas de mortalidade
e de morbidade por agressões de que são vítimas, dentro e fora das corporações,
taxas essas muito mais elevadas que as da população em geral.
- A síndrome de Burnout
na atividade policial representa “a
etapa final das progressivas tentativas mal sucedidas do indivíduo em lidar com
o estresse, decorrente das condições de trabalho negativas, sendo que as
peculiaridades de estresse ocupacional podem ser classificadas em baixo, médio
e alto risco, estando a profissão classificada como de alto risco. Sobre os
efeitos do burnout sobre o policial o autor considera que estão relacionados ao
desgaste e aos estágios na carreira policial, além das consequências
individuais e organizacionais”.
- As profundas alterações que o trabalho noturno provoca nos
sistemas biológicos do ser humano, especialmente no ciclo circadiano - designa
o período de aproximadamente um dia (24 horas) sobre o qual se baseia todo o ciclo
biológico do corpo humano e de qualquer outro ser vivo, influenciado pela luz
solar. Relacionam-se, ainda, às dificuldades com relação aos horários de
alimentação e do sono, que se tornam inevitavelmente irregulares, às
complicações na convivência familiar, em virtude dos horários não coincidentes,
aos empecilhos óbvios de se obter um bom período de descanso durante o período
diurno. As consequências prejudiciais do trabalho noturno podem ser de tal
ordem, que alguns autores, como o biomédico Luis Menna Barreto, estimam que o
trabalhador submetido a este horário de trabalho pode "ter uma expectativa
de vida quase dez por cento menor do que os outros trabalhadores".
- No que se refere a problemas de saúde, algumas pesquisas
relatam que os policiais têm taxas mais altas de doenças de coração, úlceras,
suicídio e divórcio que a população geral, embora, pelo menos para taxas de
suicídio, não seja um achado de todas. Outras revelam taxas de doenças e
acidentes oito vezes mais altas para os policiais do que para funcionários
públicos (LENNINGS (1997).
- Esperança
de vida em anos (tábua de mortalidade – IBGE)
em 2007
Homem
69
Mulher
76,5
Policial
54
Em que pese a evolução da acessibilidade às diversas formas
de tratamento de saúde, surpreendentemente, a expectativa de vida média dos
policiais rodoviários federais é de 54 anos, cerca de 16 anos inferior à média
da população brasileira.
- Diuturnamente a Polícia Rodoviária Federal, por meio de
seus agentes, realizam policiamento ostensivo, fiscalizam veículos, atendem
acidente, socorrem usuários com veículo em pane nas rodovias federais. Em
defesa da incolumidade da sociedade realizam prisão de preventivados da
justiça, apreensão de drogas, de produtos contrabandeados, fiscalizam produtos
perigosos, entrada de estrangeiros ilegais no País, tráfico de seres humanos, trabalho
escravo, exploração sexual de menores, crimes ambientais.
- Fiscalização, policiamento e sinalização sob sol forte,
chuva, vento, frio ou calor no transcorrer do dia ou noite, varando a
madrugada. Contato direto com a sociedade em geral, daquele que produz a
riqueza para a nação ao que se envolve com a marginalidade – de pequenos a
grandes delitos. Apenas as experiências dos anos vividos nas rodovias somados à
sensibilidade no trato com o usuário limitam a longevidade do policial
rodoviário federal nas suas atribuições legais.
- As múltiplas exigências para o cumprimento de sua missão,
o risco de morte diário (quer em serviço ou folga deste), a violência do
trânsito e do cotidiano da sociedade contemporânea, o processo insalubre a que
está sujeito na sua atividade rotineira, a exigência do estado de alerta 24
horas diárias, o desgastante labor noturno, obrigam o policial rodoviário
federal a viver um constante “stress” em seu meio ambiente de trabalho.
Senhoras, senhores, essa é a vida do Policial Rodoviário
Federal. Precisamos que todas as forças vivas desse país olhem com carinho para
esses profissionais da segurança pública, e estendo essa visão às demais
policias do Brasil. Classe política, e aqui conclamamos a nossa Assembleia
Legislativa de Rondônia, aos detentores de cargos no executivo e a sociedade
como um todo, um país mais seguro e mais justo passa por uma polícia bem
preparada, bem remunerada e respeitada.
Muito obrigado
Edson
Silva
Presidente – SINPRF-RO/AC